Coluna: Matrix, e o limiar entre a realidade nua e crua e o mundo das sombras

Matrix, um filme muito além de uma primeira interpretação.

Divulgação

Matrix é um dos filmes de ficção que mais gosto, e na minha opinião, não é tão ficcional assim. 

Foi criado e dirigido por Lilly e Lana Wachovsky, lançado em 1999. O filme foi inspirado no mundo distópico descrito pelo filósofo francês Jean Baudrillard em sua obra "Simulacros e Simulação" publicada em 1981. 

Baudrillard reflete sobre um deserto real, um mundo onde a realidade foi substituída pelas ilusões do capitalismo.

A saga Matrix é protagonizada por Keanu Reeves como Neo, Carrie Anne Moss como Trinity e Laurence Fishburne como Morpheus. Inclui os filmes, Matrix (1999), Matrix Reloaded (2003), The Matrix Revolutions (2003) e The Matrix Resurrections (2021).

A história se passa em um futuro distópico cyberpunk, onde a realidade vivenciada pelos humanos é na verdade uma simulação chamada Matrix, criada por máquinas e inteligências artificiais. O objetivo das máquinas é dominar a raça humana, usando os corpos dos humanos como fonte de energia em uma forma de hibernação.

Neo, um hacker, descobre a verdade sobre a Matrix e se junta a um grupo de pessoas libertas da simulação que lutam contra as máquinas. Ele é procurado por Morpheus, que já sabe de sua existência.

Neo é capturado por agentes, mas se recusa a cooperar. Os agentes implantam um software chamado Backdoor ,para monitorá-lo e o libertam. Trinity o procura e o encoraja a buscar a verdade sobre a Matrix. Ela remove o Backdoor e o leva até Morpheus.

Morpheus faz uma proposta a Neo, ele deve fazer  uma escolha, entre duas pílulas: a azul, que o manteria na ilusão da realidade simulada da Matrix, e a vermelha, que o libertaria para conhecer a verdade. Ele escolhe a pílula vermelha e desperta para a realidade. Morpheus explica que o mundo que Neo conhecia não existe, é uma simulação interativa neural chamada , Matrix . A humanidade vive em um universo pós-apocalíptico onde as máquinas entraram em guerra com os humanos. Os humanos foram cultivados em cápsulas e usados ​​como fonte de energia para as máquinas, enquanto aqueles que conseguiram se libertar criaram a resistência e vivem em uma cidade subterrânea chamada Zion. Existe uma profecia que diz que "O Escolhido", um humano, lideraria a resistência e venceria a guerra contra as máquinas. Morpheus acredita que Neo é esse homem.

Ele é conduzido a Nave Nebuchadnezzar, onde conhece a equipe da resistência. Já a bordo, ele é reconectado com a Matrix, para que tenha contato com o oráculo. Que faz previsões no Mundo Simulado. Porém ela diz que ele não é o escolhido.

No seu retorno, a equipe é traída por Cypher, que que faz um acordo com os agentes, para entregar Morpheus, e assim voltar para Matrix.

Mas, Neo e Trinity conseguem resgatar Morpheus. Ele ao tentar voltar para a nave é atacado pelo agente Smith, é atingido  , e Trinity ao vê-lo morrer, sussurra em seu ouvido, que o oráculo disse que  ela se apaixonaria pelo escolhido, por isso ele não pode morrer.

Neo, então ressuscita. Os agentes começam a atacar novamente, mas, ele consegue parar as balas no ar.

Divulgação

OS PERSONAGENS

Neo

Cujo nome é Thomas A. Anderson. É um hacker, conhecido como  Neo, se torna o escolhido, o salvador, há uma grande metáfora de ser o escolhido, e que irá libertar a humanidade.

 

Trinity

Uma hacker poderosa da resistência, principal aliada de Morpheus. Seu nome tem uma grande referência à Santíssima Trindade, Pai , Filho e Espírito Santo. Se apaixona por Neo.

Morpheus

Líder do movimento da resistência, ele é responsável por despertar os humanos para a realidade, fora da Matrix.

 

Agente Smith

Representa a autoridade em Matrix, cujo objetivo é neutralizar a resistência.

Cypher

O Traidor , ele trai a resistência, porque prefere viver a vida fake da Matrix, uma grande referência a  Judas.

Oráculo

É um programa que foi criado pela Matrix, com o objetivo de estudar a natureza humana. Mas, com o tempo ela se aliou aos humanos, e tem a capacidade de prever o futuro.

 

Niobe

Uma mulher poderosa, e Líder, que luta para proteger a população Humana.

 

Merovingian

Um programa antigo, que se tornou obsoleto, e se aliou ao crime organizado.

 

Persephone

Esposa de Merovingian, é um programa que conhece os segredos da Matrix, ela sempre incentiva o marido causar o caos por onde passar.

 

O Chaveiro

Um programa que tem todas as senhas, de todos os programas, e se rebelou contra o sistema.

 

O Arquiteto

O pior inimigo da Humanidade. É um programa que concebeu a realidade virtual, que aprisionou a humanidade.

 

Deus Ex machina

Uma inteligência Artificial que vê e comanda tudo, na verdade é uma grande aglomerado de computadores, com o formato de uma enorme cabeça humana.

 

O Maquinista

Vive em um lugar que parece um umbral, entre a realidade e a Matrix. Um lugar criado pela sua mente. Ele tem a aparência de um Mendigo.

 

Qual é o significado das pílulas, vermelha e azul em Matrix?

 

Divulgação

No filme Matrix, o personagem Morpheus, uma referência ao Deus do sono na mitologia grega, lidera a resistência que vive fora da Matrix. Quando ele encontra Neo, Morpheus  oferece a ele a escolha entre duas pílulas: a pílula azul, que representa o retorno à vida dentro da Matrix, em uma realidade simulada; e a pílula vermelha, que simboliza a libertação, o conhecimento da verdade e o despertar.

Essa escolha das pílulas possui uma forte metáfora relacionada ao Mito da Caverna de Platão. Na alegoria de Platão, existem seres humanos que vivem em uma caverna, observando apenas sombras de animais e pessoas projetadas na parede. Até que um dia, um dos habitantes decide sair da caverna e ver o mundo exterior, enxergando a verdadeira realidade. Ao retornar para a caverna e contar aos outros o que viu, ele é rejeitado e morto, pois as pessoas preferem viver na escuridão da caverna, presas em sua própria Matrix.

No caso de Matrix, as pílulas representam o livre-arbítrio. A pílula azul simboliza a escolha de viver na caverna, apenas enxergando as sombras e mantendo-se ignorante em relação à verdadeira natureza da realidade. Já a pílula vermelha representa o desafio de sair da caverna, encarando a dura realidade e buscando o conhecimento e a liberdade.

No entanto, nem todas as pessoas estão prontas para enfrentar a verdade. Essa escolha é individual e cada pessoa deve decidir por si mesma se deseja permanecer na ilusão confortável ou se está disposta a enfrentar os desafios e buscar a verdadeira realidade, mesmo que seja mais difícil e desconfortável.

 Sobre a reflexão do filósofo Jean Baudrillard

livro "Simulacros e Simulações" de Jean Baudrillard

Jean Baudrillard é um filósofo francês conhecido por suas reflexões sobre a sociedade contemporânea e a natureza da realidade. Um de seus livros mais famosos é "Simulacros e Simulação", no qual ele aborda o conceito de simulacro.

Um simulacro é uma cópia ou imitação de algo ou alguém que é feito para se assemelhar ao original, mas que não possui uma base real. É uma representação enganosa, usada para transmitir uma ideia de realidade, mas que, na verdade, é falsa e artificial. Baudrillard argumenta que viver em uma era em que o simulacro se tornou dominante, fez a realidade perder a sua substância e as pessoas estão mais interessadas nas representações da realidade do que na própria realidade.

Baudrillard observa que estamos imersos em um mundo saturado de tecnologias, mídias de massa e comunicação virtual. A influência desses meios é onipresente e molda a forma como vemos o mundo e nós mesmos. Redes sociais como Instagram e TikTok são exemplos desse fenômeno, onde as pessoas se envolvem em danças, vídeos virais e fotos cuidadosamente produzidas em busca de likes e atenção.

Segundo o filósofo, a mídia tem um papel crucial na criação desse mundo de representações, onde a realidade é substituída por simulacros. As pessoas se tornam cada vez mais sentidas por essa cultura do espetáculo e da imagem, perdendo a conexão com a verdadeira essência da existência.

Em resumo, Jean Baudrillard argumenta que vivemos em uma era em que as representações e simulacros substituem a realidade, e que essa situação é alimentada pela influência da mídia e das tecnologias. A busca por atenção e validação nas redes sociais , afasta as pessoas de uma experiência autônoma e as envolve em um mundo de ilusões e imitações.

No filme Matrix, a realidade programada é retratada como um ambiente extremamente confortável, acolhedor e repleto de prazeres. Ninguém deseja deixar a Matrix, abandonar esse software e confrontar a realidade, pois o mundo real é implacável e desafiador. Quando Neo desperta para o mundo real, fora da Matrix, ele passa por uma jornada de sofrimento, semelhante a abrir os olhos diretamente para o sol. Existe uma cegueira coletiva, uma resistência em enxergar a verdade.

No entanto, aos poucos, Neo consegue se libertar e se adaptar à luz do conhecimento e da verdade. Embora viver em uma zona de elegância e conforto possa ser agradável, a verdadeira felicidade só é alcançada através da liberdade. Infelizmente, as pessoas tendem a preferir o mundo falso.

É por essa razão que Matrix vai além de ser apenas um filme de ficção com efeitos tecnológicos. Ele é profundo e libertador, pois nos faz refletir sobre a importância da liberdade.

Nesse exato momento no mundo em que vivemos, estamos cercados de inteligências artificiais, que dialogam conosco em plataformas como o Chat GPT, por exemplo, sem dúvida é ao mesmo tempo interessante, mas, também assustador.

Os filmes de ficção se tornaram realidade, e temos que nos adaptar a isso .

 

 

 

 

                                              

 

Sobre o Autor:

Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário...