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Coluna: Sobre filmes que nos ensinam a ressignificar nossas vidas

Os meus filmes tristes: Meus pontos de partida

Imagem / Reprodução

Cada filme que se assiste exerce um impacto profundo. Mesmo quando se escolhe um filme ao acaso no cinema, as luzes se apagam, a sessão começa e é impossível não se conectar à trama. As emoções, sensações e catarses se desenrolam, deixando lembranças marcantes. Tanto que cada vez que o filme é revisitado ou a música tema é ouvida, uma viagem no tempo é desencadeada.

Embora as comédias me agradem, tenho uma predileção por filmes melancólicos. Não quero ser julgada por isso, mas a profundidade reflexiva e poética neles me atrai. Existe algo de catártico que alcança a essência, evocando muito além de lágrimas e nos transportando para um recôndito de nossas almas. Às vezes, enxergamos nos personagens algo que ressoa com nossas próprias experiências, e até a trilha sonora nos conduz a momentos passados. Esse processo sensorial frequentemente ressuscita antigas feridas que julgávamos cicatrizadas.

Lembro-me de um filme que vi na infância, cujo título se perdeu ao longo dos anos. Eu tinha seis anos e estava sentada na poltrona da sala, observando uma trama que inicialmente parecia leve, mas que foi se tornando progressivamente densa. A história girava em torno de uma menina mais ou menos da minha idade, uma protagonista com a qual me identifiquei profundamente. Ela se perdia em uma estação de trem, mas na verdade tinha sido abandonada por seus pais lá. Essa narrativa mexeu comigo de maneira profunda. A imagem da menina sentada no banco da estação com sua mala, aguardando a mãe que nunca voltaria, permaneceu inabalável na minha memória. A trajetória dela a levou a um orfanato, onde enfrentou momentos terríveis, culminando em sua morte solitária, abandonada em uma caixa de papelão.

Essa experiência triste e inexplicável ficou gravada em minha mente. Filmes melancólicos possuem uma habilidade singular de alcançar as profundezas da mente humana, explorando lugares que muitas vezes desconhecemos . Minha inclinação natural para a melancolia sempre me acompanhou. Desde criança, eu me aventurava no universo da escrita, criando pequenas histórias e poemas. Nutria um amor especial pelo mundo criado por Charles Dickens, especialmente por suas narrativas que envolviam órfãos.

A atração que sinto por esses filmes considerados tristes,  tem um aspecto positivo em meio à melancolia que carrego. Eles servem de estímulo à minha criatividade, inspirando-me a explorar os recantos da emoção humana e a expressar meus sentimentos de maneiras diversas.

Sempre foi um ponto de partida para minhas criações em minhas performances, no teatro e em minhas narrativas .

Mas afinal, o que é a tristeza? O que define a melancolia? Não há uma existência onde permaneçamos perpetuamente felizes, como nos contos de fadas, ansiando por um "felizes para sempre". Tal realidade é inexistente; de fato, a vida neste planeta Terra é uma jornada desafiadora. Estamos constantemente sujeitos a uma diversidade de circunstâncias, sendo nós mesmos imperfeitos e destinados a sempre ser assim. 

Na minha perspectiva, o meu estado de melancolia atua como um ponto de partida para a minha expressão artística. Pode-se ponderar: o que caracteriza um filme como sendo triste? Seria um filme no qual um desfecho feliz não se materializa? Nem mesmo a imagem da Barbie ao lado do Ken, nos mostra uma felicidade absoluta. Encontramos em nossa trajetória pequenos momentos de alegria, comparáveis à cereja no topo de um bolo exuberante. A metáfora da vida como uma montanha-russa ressoa, em que se experimentam altos e baixos, quedas, levantar, cair de novo, levantar, e assim por diante.

Portanto, em minha concepção, os filmes que exploram a tristeza possuem um valor positivo subjacente. Eles ecoam com metáforas profundas, abordando o âmago das questões mais significativas na vida. Lançam reflexões sobre os propósitos que buscamos, sobre a essência do que desejamos alcançar, e sobre a dicotomia entre ser e possuir.

 

O Centro Cultural de São Paulo apresenta em sua programação de setembro um evento imperdível: a mostra de cinema intitulada "Os Filmes Mais Tristes do Mundo". Este emocionante evento, que ocorrerá de 7 a 17/09 na Sala Lima Barreto, é inteiramente gratuito e promete proporcionar uma experiência cinematográfica única.

A seleção cuidadosamente escolhida de filmes que tocam as profundezas da emoção humana oferece uma oportunidade rara de explorar o poder transformador do cinema. Embora possam trazer consigo uma aura de tristeza, esses filmes têm a capacidade de ressoar em nossos corações e, de fato, redefinir aspectos de nossas próprias vidas.

Ao refletir sobre essa mostra, me senti inspirada, a criar uma lista pessoal dos dez filmes mais comoventes que já tive a oportunidade de assistir. Essas obras não apenas me emocionaram profundamente, mas também serviram como pontos de partida para uma série de reflexões e transformações em minha jornada pessoal.

Sobre o evento na programação do Centro Cultural São Paulo, acho muito enriquecedor  se permitirem serem envolvidos por narrativas que exploram as complexidades da tristeza e da superação. Afinal, é nas histórias mais tocantes que encontramos a chave para uma compreensão mais profunda de nossas próprias vidas.

 

Listei dez filmes:


1. Nobody’s Daugther

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Esse filme é de 1976, Este filme é uma adaptação da obra-prima de Móricz Zsigmond. É uma história bastante incômoda e revoltante porque contem violências e muitas humilhações com uma criança. Csöre, uma menina órfã de 8 anos de idade, vive com camponeses na estepe húngara por volta da década de 1930, em um ambiente de exploração e agressividade. Ela é tratada como lixo, deixam-lhe nua para que não fuja e a põem para cuidar das vacas, recebendo espancamentos, estupro e tortura. Csöre consegue fugir, mas seu futuro é cada vez mais insuportável.

A história angustiante da menina, inspirada na vida da filha adotiva do escritor, revela as injustiças do regime da Hungria pré-Segunda Guerra Mundial. Zsuzsa Czinkóczi, extraordinária atriz que fez o papel de Csöre, recebeu o principal prêmio em um festival de cinema. O diretor, Ranódy László, ganhou o Hungarian Film Critics' Award. 

 

2. Quando o Dia Chegar


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O filme conta a história de dois irmãos que perdem a mãe, e acabam sendo levados para um reformatório, O ano é 1967. Uma nova cultura jovem está a caminho. A corrida espacial alcançou seu pico e os sonhos de liberdade estão por toda parte. Em Copenhagen, dois irmãos inseparáveis, Elmer de 10 anos e Erik de 13, são removidos da casa de sua mãe convalescida e levados para o orfanato Gudbjerg , onde passam por todo tipo de violência.

Direção de Jesper W. Nielsen.


3. Pixote, a Lei dos Mais Fracos


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O filme é icônico, dirigido por Hector Babenco, conta a história de Pixote, um garoto que vive em uma casa para menores, a antiga febem, hoje a fundação casa.

O roteiro do filme foi escrito por Babenco e Jorge Durán, sendo baseado no livro Infância dos Mortos do escritor José louzeiro.

Mostra a realidade dura e cruel , um retrato das ruas de São Paulo, onde meninos que acabam perdendo a inocência , ao entrarem em contato com o mundo do crime, prostituição e violência.

O protagonista era, Fernando Ramos da Silva, e Marília Pera, como a prostituta Sueli. O filme ganhou muitos prêmios importantes, como o Globo de Ouro, como melhor filme estrangeiro. Infelizmente Fernando ,  terminou  morto aos dezenove anos, por policiais.

 

4. O Menino do Pijama Listrado


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O Menino do Pijama Listrado” é ambientado na Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. O filme narra a história de Bruno, um menino de 8 anos, que se muda com a família de Berlim, depois que o pai assume um alto cargo em um campo de concentração nazista. Sem amigos por perto, Bruno conhece outro menino de sua idade, que usa um pijama listrado e vive do outro lado de uma cerca elétrica. Os dois garotos se tornam próximos, sem imaginarem os riscos que correm.

Direção de Mark Herman ,e roteiro de, John Boyne,


5. Dançando no Escuro (Dancer in the Dark)


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Eu gosto muito da Bjork, muitas das trilhas das minhas performances , eu sempre escolhi muitas de suas músicas , ela é muito especial mesmo, além de ser uma grande atriz.

O filme tem o roteiro e a direção de Lars Von Trier, conta a história de Selma, ela sofre de uma doença hereditária degenerativa que está lhe ocasionando uma rápida cegueira progressiva. Por este motivo, Selma guarda cada centavo em uma lata em sua cozinha para custear uma operação que evite que seu filho sofra do mesmo destino. Trabalha em uma fábrica, e guarda cada centavo para a cirurgia do filho, para que ele não tenha o mesmo destino, por ser uma doença genética. Mas, o vizinho rouba seu dinheiro, ela descobre, Selma vai confrontá-lo e acontece um tiro acidental, ele morre, ela vai presa, acusada de assassinato. O filme ganhou a Palma de ouro de Cannes, e Bjork ganhou o prêmio como melhor atriz.


6. Quando Éramos Bruxas (The Juniper Tree)


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Vou de novo de Bjork, porque eu simplesmente a acho uma incrível atriz, o filme: Quando éramos bruxas, é uma poderosa leitura de feminista do conto dos irmãos Grimm: A amoreira.

A história é sobre duas irmãs, Margit e Katla, que escapam de sua casa depois que sua mãe é apedrejada e queimada por bruxaria. Elas vão onde ninguém as conhece, e encontram Johann, um jovem viúvo que tem um filho chamado Jonas. Katla usa poderes mágicos para seduzir Johann e eles começam a viver juntos. No entanto, Jonas não aceita Katla como sua madrasta e tenta convencer o pai a deixá-la. Dirigido por Nietzchka Keene. 



7. A Professora de Piano (La pianiste)


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Uma solitária e fria professora de piano, Protagonizada por Isabelle Huppert, vive com sua mãe, que a trata como se fosse uma criança. Reprimida sexualmente, ela algumas vezes vai a uma loja pornográfica. Um dia ela conhece um jovem chamado Walter Klemmer, um de seus alunos que constantemente a flerta, então ela vê uma oportunidade de realizar seus jogos sadomasoquistas. Direção de Michael Haneke.


8. Tomates Verdes Fritos

 

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O Filme, é de 1991, dirigido por John Avnet, e roteiro de Fannie Flagg, e Carol Sobieski.

Baseado no livro Fried Green Tomatoes at the Whistle Stop Cafe de Fannie Flagg, o longa narra a história do romance entre Ruth Jamison e Igdie Threadgoode.


9. À Espera de um Milagre


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O filme conta a história de um homem bondoso e gentil e que tem poderes sobrenaturais de cura, mas que está preso , acusado injustamente de matar duas meninas brancas, está condenado a morte, com roteiro e direção de Frank Darbont.


10. A Vida é Bela

 

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Esse é um dos filme mais queridos para mim, assisti milhares de vezes, e cada vez que assisto, me emociono. O filme se passa na Itália Fascista, a partir de 1939 até o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, narrando a trajetória do ítalo-judeu Guido, pai do menino Giosué.

Guido tenta convencer o filho de que o encarceramento dos dois (além de Dora, sua esposa e mãe de Giosué) em um campo de concentração alemão é na verdade um jogo, em que os presos competem para marcar pontos. Na "competição", o primeiro a atingir mil pontos iria ganhar um tanque de guerra. Com Roteiro de Roberto Benigni e Vicenzo Cerami, e direção de Roberto Benigni. Quem fez Benigni ganhar o Oscar.



Agora uma dica: Mostra "OS FILMES MAIS TRISTES DO MUNDO”, no Centro Cultural São Paulo CCSP


A mostra acontece do dia 07 até dia 17 de setembro

Sala Lima Barreto

Verifique a classificação indicativa de cada filme

Grátis

Retirada de ingressos 1 hora antes na bilheteria

 

PROGRAMAÇÃO

07/09

 

15h Viver

17h30 Tomates Verdes Fritos

20h Namorados para Sempre

 

08/09

15h Toy Story 3

17h Um Dia

19h30 Brokeback Mountain

 

09/09

16h Dançando no Escuro

19h Tomates Verdes Fritos

 

10/09

15h Diário de uma Paixão

17h20 Viver

19h50 Namorados para Sempre

 

12/09

16h50 Waves

19h30 Diário de uma Paixão

 

13/09

16h30 Cafarnaum

19h Brokeback Mountain

 

14/09

16h30 Cafarnaum

19h O Clube da Felicidade e da Sorte

 

15/09

15h Oslo, 31 de Agosto

17h10 Polytechnique

19h Dançando no Escuro

 

16/09

16h O Clube da Felicidade e da Sorte

19h Um Dia

 

17/09

15h Toy Story 3

17h10 Polytechnique

 

Mais informações: https://centrocultural.sp.gov.br/os-filmes-mais-tristes-do-mundo/

Rua Vergueiro, 1000 – Estação Vergueiro – São Paulo – SP 


Sobre o Autor:
Silvia

Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário...

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