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Romance "A Hora da Estela" de Clarice Lispector

Crítica do Romance A Hora da Estrela de Clarice Lispector.

Imagem Ilustrativa - Capa do romance A Hora da Estrela de Clarice Lispector

O romance A Hora da Estrela de Clarice Lispector chama atenção pelo título, mas também no fato de ter outros títulos no livro. Eles instigam o leitor a tentar prever o que vai acontecer na história: A Culpa é Minha, Ela Que Se Arranje, O Direito ao Grito, Quanto ao Futuro, Lamento de Um Blue, Ela Não Sabe Gritar, Assovio ao Vento Escuro, Eu Não Posso Fazer Nada, Registro dos Fatos Antecedentes, História Lacrimogênica de Cordel e Saída Discreta Pela Porta dos Fundos. Outro recurso literário muito interessante foi a palavra explosão ser escrita em parênteses durante várias cena do livro, esse recurso lembra o poema Pneumotórax de Manuel Bandeira.


A obra conta a história da nordestina alagoana Macabéa e do escritor Rodrigo S. M. Macabéa é órfã de pai e mãe, criada por uma tia. Ela vai morar no Rio de Janeiro, onde encontra emprego razoável como datilógrafa. No Rio, Macabéa também conhece Olímpico de Jesus e passa a namorá-lo. Divide um quarto com colegas, trabalhadoras das Lojas Americanas. Ela é alienada pelos meios de comunicação e muito conformada com a vida que leva. Apesar dela não ser extremamente pobre, tem um estranho desejo de querer comer um pote de creme. Apesar dela não ter condições de consumir os variados objetos produzidos pela indústria cultural, os poucos bens que tinha acesso lhe deixavam mais tola e submissa. Sua relação com o rádio, por exemplo, era a única forma de ter acesso ao conhecimento. Macabéa considerava sagrado ouvir a Rádio Relógio todos os dias que dava a hora certa e a cultura. Ela gostava muito dos ensinamentos e dos anúncios, mas não ouvia reflexões políticas.


Além da rádio, um dos prazeres de Macabéa era ler anúncios recortados de jornais velhos do escritório durante as noites de frio e ir ao cinema uma vez por mês. Isso demonstra como a sua vida girava em torno da indústria cultural. Na infância, Macabéa aprendeu a baixar a cabeça para todos os castigos impostos pela tia. Assim, nunca argumentou ou se defendeu das imposições. Entretanto, ela também é vítima do capitalismo. A obra da Clarice também critica o capital porque quanto mais agentes conformistas, mais o poder do capitalismo fica garantido.


O progresso tecnológico constante aumenta esse poder e a dominação em todos os aspectos da vida dos indivíduos, no trabalho e no lazer. Porém, tais inovações não devem vir acompanhadas de um aumento efetivo de conteúdo, mas sim de mentalidade questionadora da ordem vigente. Infelizmente, a maioria da população ajuda a aumentar as desigualdades, inconscientemente, se tornando cúmplices da manipulação.


Adaptação cinematográfica de 1985


Sobre o Autor:
RibamarBacharel em Letras pela UECE- Universidade Estadual do Ceará e pós-graduando em Comunicação e Linguagens pelo Centro Universitário UniFanor Wyden. Gosta de escrever sobre livros, filmes, séries, minisséries e telenovelas.



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