Header Ads

O que Define um JRPG?

Entenda as Características e a Evolução dos RPGs Japoneses.

Dragon Quest: Dai (aqui conhecido como Fly) foi o primeiro contato de muita gente com uma das séries mais importantes da indústria japonesa.
Fonte: Divulgação.

Para começar, é importante compreender o que define um Japanese Role Playing Game, ou JRPG. Em resumo, qualquer jogo eletrônico de RPG desenvolvido por estúdios japoneses pode ser classificado nesse gênero. No entanto, jogos como The Legend of Zelda, apesar de serem desenvolvidos no Japão, não são considerados JRPGs, pois possuem maior ênfase na aventura e exploração, com poucos elementos típicos desse tipo de RPG.

Os JRPGs apresentam uma grande diversidade, mas suas bases fundamentais são, de modo geral, similares, embora jogos mais recentes possam trazer modificações interessantes a esse modelo. De forma geral, são jogos que incluem sistema de combates por turnos, níveis de experiência, sistema de magia com uso de pontos de magia, inventários e equipamentos, exploração de masmorras ou ambientes similares, sistema de quests, status e efeitos, além de eventos de história e diálogos importantes para a continuidade da narrativa.

Para muita gente essa tela vai parecer estranha, mas o sistema de turnos ainda é algo importante dentro do estilo JRPG.
Fonte: Divulgação.

O sistema de combate por turnos é uma mecânica comum, em que cada personagem ataca por vez. Essa dinâmica permite aos jogadores analisar a situação, planejar estratégias e escolher ações, como atacar, usar habilidades especiais ou gerenciar recursos como pontos de vida, pontos de magia e itens. Essa mecânica dá aos jogadores a oportunidade de pensar cuidadosamente sobre suas escolhas, adotando diferentes abordagens e explorando as particularidades de cada personagem para superar os desafios.

Esse sistema deriva dos jogos de role-playing de mesa, populares nos Estados Unidos na década de 1970, que chegaram ao Japão nos anos 1980 e influenciaram o surgimento e a evolução dos JRPGs. Para emular essas regras, cada ação é feita dentro de turnos, que podem ser decididos pela velocidade dos personagens ou por uma ordem pré-determinada.

Essa mecânica contrasta com o sistema de tempo real, mais presente em jogos modernos, exigindo planejamento dos jogadores, que devem considerar as opções disponíveis e os recursos. Alguns jogos possuem uma forma de medir a velocidade e a gestão de recursos, como a franquia Final Fantasy, que empregou esse modelo durante boa parte de seus jogos e remakes.

Telas com atributos dos personagens são uma medida interessante para compreender como funcionam as características e também para montar grupos de jogo.
Fonte: Chrono Wiki Fandom.

Níveis e experiência são fundamentais, refletindo a progressão dos personagens. Derrotar inimigos concede pontos que permitem que os jogadores subam de nível ao atingir um determinado limiar. Isso resulta em um aumento das estatísticas como força e defesa, além do desbloqueio de novas habilidades, promovendo personalização e estratégias diversificadas. Esse sistema apresenta um ciclo de recompensa que motiva os jogadores a enfrentarem desafios e explorarem o jogo.

Muitos jogos também exigem que os jogadores passem longas horas repetidamente derrotando inimigos, com o objetivo de alcançar níveis suficientes para progredir na história. Essa mecânica, chamada de "grind", faz os jogadores gastarem um tempo excessivo matando inimigos para aumentar os níveis, sendo, em muitos casos, uma experiência extremamente tediosa e frustrante, prologando desnecessariamente o tempo jogado. Alguns jogos tentam tornar essa tarefa menos repetitiva, oferecendo variações de desafios e recompensas, mas ainda assim muitos acabam se aborrecendo com a necessidade de dedicar horas apenas ao "grind" para avançar no jogo.

O gerenciamento de recursos, como pontos de vida e pontos de magia, exige um planejamento cuidadoso por parte dos jogadores. Muitos jogos também oferecem acesso a uma variedade de classes e habilidades especiais, muitas das quais são desbloqueadas com o progresso ou em condições específicas. Isso incentiva a experimentação e a personalização, permitindo o desenvolvimento de personagens de acordo com estilos pessoais de jogo e preferências táticas.

O sistema de magia nos JRPGs geralmente inclui feitiços de ataque, cura, modificação de atributos e, em alguns casos, ativação de habilidades especiais. O uso é limitado por pontos de magia, que podem ser aumentados com o progresso dos personagens ou pela aquisição de itens. Quando os pontos de magia se esgotam, os personagens ficam impedidos de lançar novos feitiços até que recuperem tais recursos, seja com descanso ou consumo de itens.

Há uma subcategoria importante para os JRPGs, conhecida como tactics. Nesses jogos, as unidades são posicionadas em tabuleiros quadrados ou hexagonais, permitindo que os jogadores movam suas peças para atacar os oponentes, da mesma forma que em qualquer jogo de tabuleiro. Com origens no jogo Daisenryaku, lançado em 1985 pela SystemSoft Alpha para o PC 9800, linha de computadores pessoais japoneses da NEC que dominou o mercado de PCs no Japão durante as décadas de 1980 e 1990. Esse estilo ficou popular com jogos como Tactics Ogre, Final Fantasy Tactics e Fire Emblem, com muitos fãs ao redor do mundo.

Esses jogos buscam suas influências nos antigos wargames, que se desenvolveram nos Estados Unidos na década de 1970. Diferentemente desses, muitos jogos tactics são compostos por unidades individuais que lutam em um tabuleiro, e não por exércitos inteiros. Final Fantasy Tactics tornou essa mecânica de jogo muito popular, ajudando a popularizar o subgênero no Ocidente. Jogos ocidentais como o brasileiro Chroma Squad, lançado em 2015 e inspirado nas séries de Super Sentai e Power Rangers, também adotaram esse modelo de jogabilidade.

Ao longo do tempo, os RPGs eletrônicos japoneses conquistaram o Ocidente, resultando em uma maior variedade de jogos e uma revisão de suas mecânicas fundamentais. O primeiro grande sucesso ocorreu com Final Fantasy VII, que possui remakes e relançamentos constantes.

A influência desses jogos japoneses pode ser vista em jogos como The Banner Saga e Divinity: Original Sin. incorporando combate por turnos e narrativas ricas. Undertale e Octopath Traveler também refletem essa influência, com mecânicas inovadoras e estilos visuais distintos, promovendo interações únicas e exploração das fraquezas dos inimigos.

E você, qual Japanese Role Playing Game mais gosta?


Sobre o Autor:
Fabio Melo

Formado em Letras, especialista em Língua Portuguesa e Literatura, além de alguns cursos aqui e ali sobre língua inglesa. Possuo um site / podcast para falar de música alternativa, faço umas músicas experimentais ruins e sou aficionado por RPG e jogos analógicos (vulgo jogos de tabuleiro).


Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.