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Visitamos um Maid Café no Nordeste

É muito gostoso ouvir "IRASSHAIMASE" com sotaque nordestino.

Mew Mew | Maid & Mangá Café em Natal

Antes de começar o texto, algumas considerações:

Eu nunca visitei outros maids cafés;
Meu conhecimento se resume à bares e cafés japoneses “normais”;
Eu reajo muito mal a situações cringe.

Então inaugurou o primeiro maid café aqui em Natal há algumas semanas. Não é o primeiro maid café do Nordeste, nem o primeiro maid café do Brasil, mas é o primeiro aqui no Rio Grande do Norte, que tem um público otaku considerável, incluindo quem vos escreve. Aqui também tem ótimos eventos de anime, incluindo o melhor que já visitei.

Para quem veio de outro planeta, um maid café essencialmente é uma cafeteria temática em que as atendentes estão todas vestidas de empregadas, daquelas com vestidinhos finos de seda, ou maids, do inglês. A gente já teve algumas coisas similares no Brasil, tipo o Café com Pernas (que, por sua vez, é uma ideia importada do Chile), na qual as atendentes usam saias curtíssimas e meias calças; ou o mais popular de todos, o Hooters, que as atendentes usam roupas apertadinhas e são incentivadas a serem super simpáticas e conversadeiras com o público, majoritariamente masculina. Aqui no Brasil tínhamos alguns desses, mas todos os restaurantes fecharam. Inclusive um deles tinha área kids. Vai entender.

O maid café mais conhecido do Brasil, localizado na Liberdade, em SP, é famoso pelos vídeos cringe e por outras coisas nada relacionadas ao serviço ou ao que é servido. Obviamente as pessoas vão lá pela experiência, não pela comida. Mas, rapaz, a comida do Mew Mew é boa.

O local se chama Mew Mew Maid & Mangá Café, fica numa localização bem privilegiada da cidade potiguar, próxima ao shopping e a colégios, repletos de adolescentes e jovens adultos, o público principal do comércio. Mas quando fui lá, havia também pessoas de mais idade (e juro que vi um senhorzinho pedindo um expresso, na forma mais casual e inusitada possível). Geralmente uma maid já está na porta para recepcionar os clientes, mas demos azar e fomos direto para o interior da loja, quando fomos surpreendidos pelo “IRASSHAIMASE~” radiante de todas as maids. Foi o primeiro momento cringe.


@maidcafenatal


No Japão, não me deixaram entrar em nenhum bar ou café temáticos, as pessoas sabiam que seria uma catástrofe, e a elas sou muito grato. Mas passei perto das meninas que ficavam na porta convencendo os clientes a entrar. Obviamente que o gringo aqui era o alvo mais visado, e elas sabiam disso. Como no Japão é um tabu tocar em alguém, conseguia driblar numa boa. Imagino como seria isso por aqui.

Escolhemos uma mesa e ficamos à cargo de uma das maids (que vou chamar de Kuro-chan pois esqueci o nome, e pra preservar a identidade dela), uma garota que não tinha mais que 20 anos, toda de preto. Achei fofa. A primeira coisa que nos dão, antes mesmo do cardápio, é um folheto com todas as regras e condutas dentro do estabelecimento. O que aqui também merece um parêntese:

A gente tá num país que a distância mínima segura é inexistente, o que é uma aberração, se comparado a todos os outros lugares do planeta. A gente não só não respeita as barreiras sociais como as quebramos todos os dias, sem nem mesmo perceber. E isso é ótimo e nos torna únicos, mas também nos coloca em situações em que é necessário um regulamento escrito de como se portar em alguns locais. E se está escrito, é porque já fizeram caquinha antes.

Coisas do tipo “não encoste na maid”, “não faça perguntas íntimas à maid” e “não fotografe as outras pessoas do local sem permissão”. O que faz sentido, mas precisa ser escrito, pois tem gente que acha que só por ser temático, tem liberdade. Vejam bem, não é bagunça.

Passada a fase do “li e concordo com os termos”, chegamos ao cardápio. Minha esposa pediu um Taiyaki (uma sobremesa recheada de doce de feijão acompanhado de uma bola de sorvete) e eu uma fatia enorme de bolo. Também dividimos um sanduíche azul apelidado de “Magia do Eclipse”. É referência de Sailor Moon?




De qualquer maneira, chegamos ao segundo momento cringe: Kuro-chan perguntou se queríamos deixar nossa refeição “mais mágica”, e eu SABIA o que estava por vir, e aceitamos mesmo assim. Outras duas maids se juntaram à Kuro-chan e todos nós fizemos uma dancinha com as mãos e dizemos algumas coisas em japonês. Eu eu senti as vibrações cósmicas deixando meu bolo mais apetitoso. Ou fiquei arrepiado pelo cringe. Mas sobrevivi.

E o bolo estava delicioso. Sabe aquelas sobremesas que tu não sente só o doce, o açúcar? Esse é meu tipo de sobremesa, aquela que se degusta, e não tá comendo só pelo açúcar. Deu pra sentir as camadas de sabores do leite ninho, doce de leite e da massa, além dos suspiros em cima. O Taiyaki de minha esposa também estava ótimo, e é difícil replicar a massa do doce de feijão em um lugar distante do costume, como em São Paulo.


A massa do sanduíche azul foi a única coisa que saiu um pouco da mão, acho que faltou bater mais o ovo na massa. Mas não foi nada grave, o lanche continuou gostoso demais. O frango estava grelhadinho no ponto certo, e a mistura dos queijos e cebolas caramelizadas pegou muito bem na carne. Nossas saudações ao chef (que juro que vi circulando entre o balcão e cozinha - um sujeito com uma faixa branca na cabeça).

O espaço é bem aconchegante, com sofás largos para ler ou papear, e mesas para grupos maiores - que inclusive tive o prazer de assistir a todos fazendo a dancinha cringe, o que me divertiu como o Jim se divertiria vendo o Dwight e o Michael apresentando um video institucional. Há uma área reservada, com pufes à disposição, para simplesmente relaxar e ler um mangá, ficar tranquilo. Inclusive há uma estante repleta de coleções - Inuyasha, Tokyo Ghoul, Hunter x Hunter e mais um monte. Todas, aliás, vindos das coleções particulares das funcionárias.



Há diferentes tipos de propostas de cafés temáticos por aí. No Japão, algumas maids sentam na mesa com você e trocam uma boa conversa (obviamente, nada íntima, apenas conversa, algo difícil de conseguir para muitos rapazes japoneses), outras têm personalidades distintas - abraçam um tipo de personagem mais ousada, mais tímida, ou mais debochada, por exemplo - e outros lugares feitos para te fazer odiar a vida, como um restaurante de Karens inaugurado na Austrália. O Mew Mew não foge muito do tema. As pessoas são atenciosas e fofinhas, reagindo exageradamente às interações e com bastante entusiasmo, como uma personagem feliz de anime, e se abordadas numa conversa, são sempre positivas e enérgicas. Inclusive, é um bom lugar para se levar crianças, com todas as questões lúdicas e que o próprio universo de anime traz. Deu pra ver como a garotada se divertia com as dancinhas e poses cringe.

Por fim, é um ótimo lugar para visitar.

Vamos ao veredicto:

🟩Pontos altos:

  • Ótima comida;
  • Equipe carismática;
  • Sala de leitura e acervo de mangás;
  • Não fiquei com tanta vergonha alheia como imaginava.

🟥Pontos baixos:

  • Ninguém falou “ara-ara” pra mim.


Visite o primeiro Maid & Mangá Café do Brasil:

Mew Mew | Maid & Mangá Café em Natal

Endereço: R. Camilo de Paula, 2 - Tirol, Natal - RN, 59015-340
Reserva e mais informações, acesse o Instagram oficial.


Revisão: Mariana Mussi

Sobre o Autor:
Diego Gomez

Editor de vídeos e de textos, formado em Reclamar e os Motivos para Isso, mas o diploma diz Jornalismo. Em breve farei o mesmo com cinema, mas com um diploma em Audiovisual.


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